Metade das cachaças e aguardentes de dez marcas líderes testadas pela Proteste Associação de Consumidores do Brasil contém uma substância nociva à saúde acima dos níveis aceitáveis.
No Brasil, o valor aceitável de carbamato de etila é de até 150 microgramas por litro (µg/l), mas cinco marcas apresentaram entre 165µg/l e 755µg/l desse composto químico classificado como possível agente causador de cancro pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro (Iarc), da Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com os resultados das análises, a cachaça 7 Campos de Piracicaba apresentava 755 microgramas do carbamato de etila por litro e a Pedra 90 - 548 µg/l. A Ypióca Prata (298 µg/l ); Pitú (255 µg/l) e Salinas (165 µg/l).
A Sagatiba foi a que apresentou o menor índice da substância: menos de 50 µg/l. Além desta, foram avaliadas e aprovadas as marcas São Francisco, Seleta, Pirassununga 51 e Velho Barreiro.
De acordo com Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste, o problema ocorre porque o Ministério da Agricultura (Mapa) tem prorrogado o prazo para as empresas adequarem-se às normas que foram estabelecidas em 2005. «Enquanto isso, agrava-se o risco para a saúde», reclama Dolci, que pede vigência imediata da instrução normativa 13, que determina um teor máximo de 150 μg/L de carbamato de etila.
De acordo com a Ypióca Bebidas, o lote utilizado na amostra da Proteste é anterior à aquisição da empresa pela Diageo, em Agosto de 2012. Segundo a marca, desde então a Ypióca Prata tem um teor de carbamato de etila abaixo do índice definido por lei, de 65 µg/l.
A empresa afirmou que se antecipou e já adoptou as medidas necessárias para atender à legislação que entrará em vigor em 2014.
A Industria de Bebidas Paris acredita que a conclusão da análise da Proteste é precipitada, visto que «quando se fala do carbamato de etila podemos afirmar que até este momento não existe nem padrão oficial ou metodologia oficial para análise deste componente».
O comunicado da empresa, fabricante da aguardente Pedra 90, declara que aguarda definições da comunidade europeia, que desenvolve amplos estudos há mais de quatro anos sobre o assunto.
Segundo o Engarrafamento Pitú, a amostra avaliada pela revista Proteste teve como origem a unidade de São Paulo, que é responsável por apenas 2,7% da produção total da cachaça Pitú, ou seja, «o problema já foi identificado e resolvido desde o ano passado», pois a empresa reconhece que é de sua alçada realizar análise técnica de cada lote fornecido.
No comunicado, a empresa afirma, ainda, que «apesar da inexistência no Brasil de uma obrigação normativa para obediência ao nível máximo de carbamato de etila em bebidas alcoólicas, a Pitú orgulha-se de ter alcançado limites inferiores a 150μg/L em 97,3% da sua produção».
Thiago Medrado, responsável comercial pelo grupo Salinas, produtor da cachaça Salinas, não sabe qual o lote utilizado na análise feita pela Proteste. «Estamos a pedir a comprovação da análise, pois esse tipo de teste só pode ser feito por uma consultoria ou pelo Ministério da Agricultura, e não foi feito dessa maneira», assegura.
Medrado afirma ainda que todas as cachaças do grupo estão com menos de 150 microgramas por litro de carbamato de etila, ainda que a lei não esteja em vigor. «Desde 2010, os nossos produtos já tem essa substância abaixo desse limite permitido», revela.
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=613590
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