Reconhecimento por perseguição.
Em 1959 ao tomar o poder em Cuba, Fidel Castro (foto) declarou que “um homossexual não pode ser um revolucionário”. |
Inúmeros artistas e escritores homossexuais foram perseguidos nesta ocasião: Virgílio Piñera, Lezama Lima, Gallagas, Anton Arrulat, Ana Maria Simo, inclusive o poeta norte-americano Alien Ginsberg, expulso por ter divulgado que era rumor permanente em Cuba e no exterior, que o irmão de Fidel, Raul Castro, era homossexual enrustido |
Data de 1971 a infeliz resolução do Primeiro Congresso Nacional de Educação e Cultura de Cuba onde se decretou que “os desvios homossexuais representam uma patologia anti-social, não admitindo de forma alguma suas manifestações, nem sua propagação, estabelecendo como medidas preventivas o afastamento de reconhecidos homossexuais artistas e intelectuais do convívio com a juventude, impedindo gays, lésbicas e travestis de representarem artisticamente Cuba em festivais no exterior.” Foram então estabelecidas penas severas para “depravados reincidentes e elementos anti-sociais incorrigíveis”.
Em 1959 ao tomar o poder em Cuba, Fidel declarou que “um homossexual não pode ser um revolucionário”. Em 1965 Fidel e Che Guevara criam as Unidades Militares de Ajuda à Produção, acampamentos de trabalho agrícola em regime militar, com cercas de 4 metros de arame farpado, onde os homossexuais e outros “marginais” realizavam trabalho forçado nos canaviais, com até 16 horas de trabalho forçado, em condições desumanas muito semelhantes aos campos de concentração nazistas. Inúmeros artistas e escritores homossexuais foram perseguidos nesta ocasião: Virgílio Piñera, Lezama Lima, Gallagas, Anton Arrulat, Ana Maria Simo, inclusive o poeta norte-americano Alien Ginsberg, expulso por ter divulgado que era rumor permanente em Cuba e no exterior, que o irmão de Fidel, Raul Castro, era homossexual enrustido. Outro jornalista gay a ser perseguido foi Allen Young, que de garoto propaganda da revolução cubana, tornou-se persona non grata ao denunciar a crueldade da homofobia nesta ilha. Este norte-americano esteve no Brasil e ficou célebre ao recusar cumprimentar o então presidente Castelo Branco.
Em 1980, segundo informes oficiais, 1700 “homossexuais incorrigíveis” de Cuba foram deportados para os Estados Unidos, embora organizações de direitos humanos calculem que ultrapassaram 10 mil gays e travestis expulsos de seu país. No início da crise da Aids, Cuba foi denunciada internacionalmente pela criação de rigorosas prisões para “sidosos”, (doentes de aids), em sua maior parte, homossexuais.
Segundo o Presidente do Grupo Gay da Bahia, Marcelo Cerqueira, “Fidel Castro tem um dívida histórica a ser resgatada com a humanidade: deve assumir que errou gravemente em tornar Cuba um inferno para os homossexuais e transexuais, causando muita dor, sofrimento, estigmatização e morte de milhares de amantes do mesmo sexo.”
Em recente entrevista ao jornal mexicano La Jornada, a própria sobrinha de Fidel Castro, Mariela Castro, sexóloga responsável pelo Centro Nacional de Educação Sexual de Cuba (Cenesex), reconheceu que “a homofobia oficial desenvolvida pelo regime cubano nas últimas décadas foi um erro.” O premiado filme Morango e Chocolate, de Reinaldo Arenas, mostra realisticamente a crueldade deste “erro” capitaneado por El Comandante Fidel; Arenas, vítima desta repressão, suicidou-se em 1990 aos 47 anos.
Como parte desta denúncia, nos meados de março próximo, o Grupo Gay da Bahia realizará em Salvador uma exposição de fotos e depoimentos, documentando a homofobia em Cuba. Segundo o Prof. Luiz Mott, decano do Movimento Homossexual Brasileiro, “dispomos de duas dezenas de cartas de gays cubanos, recebidas nos últimos 30 anos, todos buscando avidamente um companheiro no Brasil para fugir do inferno que ainda hoje representa ser gay num país que não aprendeu a lição de Che Guevara: “Hay que endurecer, sem perder jamais a ternura”. Consta que o próprio Guevara, ao encontrar na Biblioteca da Embaixada Cubana em Argel, a obra Teatro Completo de Virgilio Piñera, homossexual assumido, jogou o livro na parede, dizendo: “como vocês têm na nossa embaixada o livro de um ‘pajaro maricon’!” o sinônimo cubano para veado. Para mais informações: (71) 9989.4748
Fidel faz mea-culpa sobre punição a homossexuais na década de 60
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS - O ex-ditador cubano Fidel Castro admitiu ontem que seu governo perseguiu homossexuais entre 1960 e o começo dos anos 1970. "Aqueles foram momentos de grande injustiça, grande injustiça!", disse ao jornal mexicano "La Jornada".
Na entrevista, Fidel disse que foi um erro demitir membros homossexuais do governo e enviar gays e lésbicas para campos de trabalho.
"Sim, nós fizemos isso", disse. Para em seguida completar: "Eu estou tentando limitar minha responsabilidade nisso tudo, porque, óbvio, eu pessoalmente não tenho esse tipo de preconceito".
Porém, ao ser pressionado para dizer se foi o Partido Comunista ou alguma outra entidade que estava por trás das perseguições, Castro disse: "Não. Se alguém é responsável, sou eu".
Segundo Fidel, eventos como a crise dos mísseis, em 1962, impediram que as perseguições fossem paralisadas. "Tínhamos tantos e tão terríveis problemas, problemas de vida ou morte, que não prestamos atenção suficiente."
Campanhas do governo agora desencorajam a homofobia, e o Estado cubano já paga por operações de mudança de sexo para transexuais.
Mariela, sobrinha de Fidel e filha do atual líder do regime, Raúl Castro, é atualmente uma das lideranças dos direitos homossexuais no país. Numa série de entrevistas entre 2003 e 2005, Fidel disse que os "velhos preconceitos " serão cada vez mais "coisas do passado".
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0109201018.htm
Na entrevista, Fidel disse que foi um erro demitir membros homossexuais do governo e enviar gays e lésbicas para campos de trabalho.
"Sim, nós fizemos isso", disse. Para em seguida completar: "Eu estou tentando limitar minha responsabilidade nisso tudo, porque, óbvio, eu pessoalmente não tenho esse tipo de preconceito".
Porém, ao ser pressionado para dizer se foi o Partido Comunista ou alguma outra entidade que estava por trás das perseguições, Castro disse: "Não. Se alguém é responsável, sou eu".
Segundo Fidel, eventos como a crise dos mísseis, em 1962, impediram que as perseguições fossem paralisadas. "Tínhamos tantos e tão terríveis problemas, problemas de vida ou morte, que não prestamos atenção suficiente."
Campanhas do governo agora desencorajam a homofobia, e o Estado cubano já paga por operações de mudança de sexo para transexuais.
Mariela, sobrinha de Fidel e filha do atual líder do regime, Raúl Castro, é atualmente uma das lideranças dos direitos homossexuais no país. Numa série de entrevistas entre 2003 e 2005, Fidel disse que os "velhos preconceitos " serão cada vez mais "coisas do passado".
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0109201018.htm
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