Um em cada 100 cidadãos são obrigados a deslocarem-se em todo o mundo devido a "condições cada vez mais complexas" de conflito, violência, catástrofes ou agitação política, refere um relatório da Cruz Vermelha internacional.
O documento da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, hoje tornado público, salienta que mais de 72 milhões de pessoas são forçadas a migrar e, destas, cerca de 20 milhões "vivem num estado de deslocamento prolongado".
O Relatório Mundial sobre Desastres de 2012, divulgado em Portugal pela Cruz Vermelha Portuguesa, assinala que "a crescente resistência dos políticos e dos cidadãos para apoiar as pessoas que foram forçadas a fugir de suas casas é talvez o principal impedimento para proporcionar melhor apoio humanitário e a longo prazo para estas populações altamente vulneráveis".
"Muitos Estados decidiram efetivamente que a miséria dos migrantes forçados excluídos é um preço infeliz que vale a pena pagar para evitar ter de enfrentar as difíceis questões políticas", acusa a publicação.
Por outro lado, a Cruz vermelha defende que "há falta de abordagens inovadoras que poderiam ajudar a aliviar o trauma do exílio prolongado. A dificuldade não reside em novas ideias, mas em escapar das antigas".
O relatório lista "um certo número de abordagens e políticas que os governos poderiam adotar para minimizar o sofrimento dos migrantes forçados no mundo", como formas mais flexíveis de cidadania, garantindo o apoio que precisam para encontrar trabalho e serem integrados nas suas novas comunidades.
Abordagens transfronteiriças mais simplificadas e uma melhor proteção contra a criminalidade e a violência também são medidas apontadas.
A organização realça que "2011 foi o ano mais caro da última década em termos de custos de desastres, mas também apresentou o menor número" de ocorrências.
Assim, 336 desastres custaram aos países 365,5 biliões de dólares (cerca de 280,9 biliões de euros) e mais de metade destes gastos foram registados no Japão, devido ao terramoto e tsunami de março, que causaram danos avaliados em 210 biliões de dólares.
O secretário-geral da Federação, Bekele Geleta, citado no comunicado, recorda que, em novembro, 164 governos concordaram com a necessidade de garantir aos migrantes acesso ao apoio que precisam e a um tratamento com respeito e dignidade.
"Foi um passo importante, mas foi apenas um passo”, disse Bekele Geleta, acrescentando que os governos "precisam de adotar novas políticas e estratégias que reconheçam os direitos dos migrantes e que os ajudem a tornarem-se membros produtivos das comunidades e não párias sociais".
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