Toque de recolher entra em vigor a partir das 0h. Policiais e manifestantes voltaram a se enfrentar neste sábado
FERGUSON - O governador do Missouri, Jay Nixon, declarou Estado de emergência na cidade de Ferguson após uma semana de protestos, atos de vandalismo e clima de tensão racial que tomaram conta da cidade desde a morte do adolescente negro Michael Brown, baleado por um policial branco há uma semana.
— Para proteger as pessoas e as propriedades de Ferguson, assinei um documento no qual declaro Estado de emergência na cidade, com a implementação de um toque de recolher na cidade — afirmou Nixon, neste sábado.
De acordo com o capitão da polícia rodoviária, Ron Johnson, o toque de recolher entre a 0h e as 5h (hora local) entra em vigor na noite deste sábado.
A polícia e manifestantes voltaram a se enfrentar na cidade neste sábado. As tensões subiram na região após a polícia divulgar um vídeo onde, supostamente, o jovem negro aparece roubando uma loja de conveniência.
Mesmo após a família de Brown pedir calma à população, várias lojas foram saqueadas. A família acusa a polícia de tentar justificar o assassinato em estilo de execução.
“Fiquem com a gente, nós não queremos ver qualquer tipo de violência nas ruas. Por favor, continuem a protestar de forma pacífica”, pediu o primo de Brown, Eric Davis.
Nas imagens do circuito interno da loja de conveniência, um jovem negro aparece roubando e intimidando o proprietário. Colocando mais dúvidas sobre a ação, o chefe de polícia, Thomas Jackson, afirmou que o policial que atirou em Brown, identificado na sexta-feira como Darren Wilson, não sabia que ele era suspeito de roubo.
“O contato inicial entre o oficial e Michael Brown não estava relacionado com o roubo”, disse ele, acrescentando que o jovem foi abordado pois “estava andando no meio da rua, parando o tráfego”.
Jackson afirmou que ele tinha liberado as imagens do crime porque havia sido forçado por numerosos pedidos de liberdade de informação dos jornalistas. Ele descreveu o roubo na loja de conveniência como sendo cometido sem o uso de arma.
Brown foi baleado no último sábado mesmo após ter levantado as mãos, num sinal claro de rendição. A informação, dada primeiramente por testemunhas, foi confirmada por Jackson, o que gerou indignação da comunidade negra do Missouri.
O aumento da tensão aconteceu 24 horas depois de os ânimos terem se acalmado, com a substituição da força local pelas polícias estaduais, lideradas por um capitão negro. Os protestos começaram a ficar violentos após a meia-noite (horário local) de sábado. Segundo relatórios policiais, alguns manifestantes invadiram a loja de conveniência que teria sido alvo de Brown no vídeo divulgado nesta sexta, enquanto outros tentaram bloquear o caminho, aparentemente para evitar saques. Recebida com pedras e garrafas, a polícia revidou utilizando gás lacrimogêneo e spray de pimenta.
Segundo a emissora local “KMOV”, policiais teriam confirmado que alguns manifestantes começaram incêndios, incluindo um em uma loja, e que um policial foi atingido na cabeça com uma garrafa ou um tijolo.
Anthony Gray, advogado da família de Brown, confirmou que na filmagem divulgada o assaltante se parece com o jovem, mas que a suspeita de assalto era uma “distração” levantada pela polícia para o real problema ocorrido: o tiro disparado por Wilson quando Brown estava desarmado e de braços erguidos em sinal de rendição.
O ativista dos direitos humanos Al Sharpton disse que uma manifestação pacífica, liderado pela família de Michael Brown, está prevista para este domingo.
O presidente Barack Obama prometeu uma investigação completa pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos sobre a morte do adolescente e o FBI abriu inquérito independente.
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